Encontro de diretores e gestores da construção
No dia 03/12/2015, 10 palestrantes e 270 profissionais da cadeia produtiva da construção participaram do décimo Encontro de Diretores e Gestores da Construção promovido pelo CTE/EnRedes, desta vez tratando dos temas Inovação, Produtividade e Tendências de Mercado.
A parte da manhã focou no aumento da produtividade em várias esferas, como fator essencial para a sobrevivência das empresas do setor da construção na atual conjuntura. Abordou também a questão da inovação, tanto em produtos imobiliários, modelos de negócios, marketing, gestão de processos, de materiais e sistemas construtivos, como determinante para o desempenho das empresas e de seus negócios.
Na parte da tarde, foi discutido o cenário político e macroeconômico brasileiro, assim como as perspectivas e tendências para o mercado da construção em uma conjuntura bastante restritiva e desafiadora. Foram abordados também os principais desafios e as oportunidades para empresas que atuam no mercado imobiliário, diante de restrições de crédito e investimentos.
O Encontro contou com participantes de todos os segmentos (incorporadores, construtores, fabricantes de materiais, fornecedores de serviços, consultorias, projetistas, órgãos públicos, fundos de investimentos, academia e entidades), e possibilitou um amplo e dinâmico debate com profissionais diferenciados, mesclando assuntos que estão em plena pauta do país e do setor.
Conceitos e fatores da baixa produtividade brasileira nos vários ambientes (econômico, setorial, empresarial) foram discutidos, assim como destacada a necessidade da inovação gerencial e tecnológica para alavancagem da produtividade nas empresas, acreditando-se ser a inovação de processos um dos principais gargalos hoje nas corporações. O crescimento do volume de dados, informações e conexões também foi apontado como indutor da inovação, principalmente em relação à integração e criação de redes distribuídas para o desenvolvimento de um produto ou negócio. Quanto à nova maneira de pensar e conceber a construção, foram apontadas as soluções compartilhadas entre todos os envolvidos da cadeia, a concepção industrializada, simplificação do processo e valorização do projeto, assim como ensaios, prototipagem e compatibilização para o aumento da eficácia e produtividade tanto do desenvolvimento do produto como do negócio.
Os atuais e futuros desafios do habitat no mundo e no Brasil foram abordados neste painel com a experiência trazida pelo Grupo Saint-Gobain, incorporadora Gafisa e do maior projeto de reurbanização de uma cidade brasileira, o Porto Maravilha no Rio de Janeiro. Foi consenso nas exposições e debates que o aumento e a urbanização da população têm impactado significativamente o meio ambiente e, por isso, é fundamental criar soluções inovadoras e sustentáveis que melhorem o habitat e proporcionem melhor qualidade de vida às pessoas. Seja pensando em produtos e empreendimentos que pensem de forma inovadora a sustentabilidade desde o início, seja pensando em padrões de sustentabilidade para as cidades e novas edificações, que impliquem também em ganhos ambientais. Foi unânime também nos debates o quanto o acesso ao mundo digital tem influenciado comportamento das pessoas, inclusive definindo um consumidor mais atuante e consciente com relação à idealização, desenvolvimento e sustentabilidade de um empreendimento, por exemplo. Ações inovadoras em relacionamento e formas inteligentes de fazer negócio e desenvolver produtos com essas vertentes trarão vantagens competitivas relevantes às empresas. Centrado nestas questões em diversos níveis, o Grupo Saint-Gobain apresentou seu novo Centro de P&D no Brasil (o primeiro centro de P&D transversal no hemisfério sul), a ser lançado em 2016 em Capivari – SP, onde se desenvolverá soluções das diversas áreas combinadas para mercado brasileiro. Também foi apresentada a modelagem de requalificação urbana (via PPP), urbanística, institucional e financeira inovadora, sem aplicação de recursos do tesouro, do Porto Maravilha, que reúne um novo conceito de mobilidade urbana com a valorização do patrimônio material histórico e cultural e moradia.
Incertezas e fragilidades no campo político e financeiro do setor público, deterioração da confiança dos agentes, consumidor e empresários por conta da "crise tripla” (fiscal, econômica e política) e efeitos do Lava-Jato sobre a atividade econômica são alguns dos fatores que têm movimentado a crise do país. O Brasil vive hoje um ambiente de riscos sistêmicos, com a redução de investimentos, dificuldade de financiamento e de as empresas cumprirem suas obrigações. O PIB brasileiro vem caindo nos últimos anos, com estimativas de -3,2% (2015) e -2,0% (2016) e os principais indicadores econômicos apontam dois anos de recessão (2015 e 2016) seguidos por baixo crescimento em 2017 e 2018, mesmo diante da tentativa de ajustes de graves desequilíbrios fiscais acumulados nos últimos anos. A expectativa para o setor da construção é de forte queda no seu PIB (-9,4%), impactada pelo ambiente pouco propício a investimentos, com a deterioração das contas públicas e o aprofundamento da operação Lava Jato, que impactam diretamente os investimentos em infraestrutura e no mercado imobiliário, e, consequentemente, na produção de insumos ligados à construção civil. Há ainda o aprofundamento da trajetória negativa do mercado imobiliário, diante da forte crise de confiança das famílias, rápida piora do mercado de trabalho, limitações do financiamento habitacional, conjugado com estoques de imóveis novos em níveis elevados. Em 2015 e 2016, deve ocorrer um aumento mais expressivo das famílias da classe D/E, combinada a uma queda da renda e alta acentuada dos juros, o que provoca forte elevação do comprometimento de renda. No longo prazo, as perspectivas para o setor apontam para a expansão tanto do segmento imobiliário (sustentado por expansão do crédito, ainda que em ritmo bem mais lento; nível de comprometimento de renda ainda saudável, apesar do patamar mais elevado; e elevado nível de déficit habitacional brasileiro), quanto de infraestrutura, com destaque importante no aumento da participação privada via concessões de aeroportos e rodovias.
De acordo com os debates deste painel, a venda dos estoques de imóveis deve continuar, pelo menos, até meados de 2016, e a retomada de lançamentos e do comércio de unidades novas só deve vir com uma recuperação de cenário macroeconômico, quando a oferta de financiamento for ampliada e os consumidores se sentirem mais seguros frente às oscilações de renda e emprego. A estratégia das incorporadoras, portanto, será evitar riscos, concentrada principalmente na geração de caixa e redução de unidades em estoque. Em 2015, as dificuldades do setor foram acentuadas com a escassez de financiamento, a elevação da taxa básica de juros - a Selic, que já está no patamar de 14,25% - e o baixo rendimento da poupança, principal fonte de recursos para o crédito imobiliário, um modelo que se mostra, aliás, exaurido. Como há poucas soluções para a falta de crédito imobiliário, as incorporadoras deverão fazer uma análise profunda do crédito dos clientes e firmar parceria com bancos comerciais, para amenizar a situação do crédito. Como estoques em fase de produção ainda serão entregues até 2017, e bancos estão adquirindo imóveis, sendo transformados em imobiliárias, a atual pressão sobre as margens de lucro tende também a fortalecer a estratégia atual das incorporadoras, que tentam fazer ajustes na estrutura de despesas ante a geração de receita e já têm lançado poucos empreendimentos novos, concentrando-se na venda de estoques. O volume de lançamentos deve ser reduzido para adequá-lo a uma velocidade de vendas menor. As empresas mais endividadas, que precisam de capital no curto prazo para saldar suas obrigações, devem perder espaço no mercado, pois precisarão trabalhar para pagar dívida e acabarão se concentrando apenas em acelerar as vendas e não lançar. No segmento de habitação econômica, há também a vulnerabilidade de companhias que trabalham com o programa Minha Casa Minha Vida, com risco no atraso de pagamentos às incorporadores participantes do programa e no ritmo de contratações de novas obras. Estima-se o retorno de um mercado estabilizado somente a partir de 2017.
Quanto aos fundos de investimentos, percebem-se oportunidades em vários segmentos, já que o setor da construção é ainda pouco desenvolvido no Brasil. Deve-se investir na diversificação geográfica, em regiões com grande poder aquisitivo, em segmentos pouco penetrados, com parcerias estratégicas para o desenvolvimento do empreendimento e negócios. Foco em aquisição de imóveis para retrofit, apartamentos cada vez menores (necessidade crescente por espaço) e na população jovem desalavancada são também oportunidades, mesmo que a curto e médio prazo haja redução de vendas e lançamentos e financiamento caro. No segmento corporativo, há oportunidades seletivas com o aumento de vacância e sobreoferta. Já no segmento logístico, há um gargalo constante, com vacância alta em alguns mercados e absorção líquida sólida em algumas regiões. Em relação aos shoppings e outlets, veem-se oportunidades principalmente em médias e pequenas cidades.
Na programação abaixo, você pode acessar as palestras e os cases apresentados
8h00 Credenciamento | Good Morning Coffee
9h00 Tendências em inovação e gestão da produtividade no Brasil
José Paulo Silveira (Sócio e Consultor da JPL e Diretor Executivo da FBTS)
9h30 Inovação e produtividade na construção industrial
Luiz Augusto Milano (Presidente da Matec Engenharia)
10h00 Debates
10h30 Coffee Break
11h00 Estratégia de inovação e sustentabilidade do grupo Saint-Gobain
Paulo Rico Perez (Diretor de Projetos – Marketing Habitat do Grupo Saint-Gobain)
11h30 Inovação em produtos imobiliários como estratégia competitiva
Sandro Gamba (Presidente da Gafisa)
12h00 Inovação em desenvolvimento urbano via PPPs: o case do Porto Maravilha
Jorge Arraes (Secretário de Concessões e Parcerias Público-Privadas do Município do Rio de Janeiro)
12h30 Debates
13h00 Almoço
14h00 Cenários econômicos e políticos para o Brasil
Antonio Kandir (Economista e Conselheiro de Empresas)
14h30 Perspectivas econômicas para o mercado de construção
Amaryllis Romano (Sócia da Tendências Consultoria Econômica)
15h00 Debates
15h30 Coffee Break
16h00 Cenários para o mercado e o crédito imobiliário
Emílio Fugazza (Diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Eztec)
16h30 Desafios para as empresas de incorporação e construção em cenário de crise
Emilio Kallas (Presidente da Kallas Construtora e Incorporadora)
17h00 Oportunidades para fundos de investimento no mercado imobiliário brasileiro
Marcelo Jensen (Diretor de Real Estate do Pátria Investimentos)
17h30 Debates
18h00 Encerramento
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